PRÓLOGO DE ASH VS RED + CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
Olá pessoal! Na quinta feira passada (28/04) no site Pokémon Blast News foi divulgado o Prólogo do livro "Ash vs Red" , junto à classificação indicativa para o livro. Aos que ainda não estavam sabendo, segue abaixo a proposta do ebook que é muito importante. E não deixe de conferir o prólogo na sequencia.
Proposta do ebook:
A proposta com o ebook é chamar a atenção da Nintendo para nós, brasileiros. Provar a eles que existem uma grande parcela de fãs aqui que anseiam por conteúdo de qualidade. Esse ebook é um grito, é uma manifestação. Por isso estamos tentando juntar os maiores e mais importantes meios de comunicação sobre Pokémon para nos apoiar nisso. Não entramos nessa para ganhar dinheiro ou para infligir quaisquer danos de direitos autorais da Pokémon Company/Game Freak/Nintendo. Estamos realizando essa obra para trazer conteúdo de qualidade para os fãs brasileiros e atrair ainda mais pessoas para o universo que tanto amamos. Pokémon é uma obra que faz parte da infância de milhões de brasileiros. Nós amamos esses monstrinhos, amamos a proposta da franquia, amamos os jogos e tudo que está relacionado a eles. Mas nos sentimos tão órfãos, os jogos sempre saem com outras linguagens e nunca com o "português" - mesmo que alguns prefiram jogá-lo em inglês. Precisamos não somente aumentar a parcela de fãs para os jogos - consequentemente aumentando a venda deles - mas a notoriedade da Nintendo para os fãs brasileiros. Por isso, se o ebook tiver uma grande quantidade de downloads, possivelmente a Pokémon Company perceberá o quanto a proposta de livros agrada aos fãs. O quão satisfatório séria se a nossa literatura fosse engradecida com produtos literários sobre Pokémon. O quão satisfatório seria para o fã ver um livro físico sobre uma franquia tão amada por ele em sua prateleira? O intuito não é arrecadar dinheiro, mas expandir o universo dos monstrinhos de bolso no Brasil. Incentivar a leitura de tantas crianças que adoram a franquia e que, com certeza, passariam horas e horas devorando um livro que abordasse essa temática. Podemos citar um exemplo disso nos diversos livros sobre Minecraft. São nada mais do que fanfics que deram muito certo porque acertaram a parcela de jovens, crianças e adultos que nunca tiveram uma experiência com livros, mas que, agora, com algo em mãos que atrai sua atenção, despertaram o interesse em ler. O quão emocionante isso é. Os livros sobre Minecraft encabeçam a lista dos mais vendidos da Veja, levantam dinheiro para as marcas detentoras dos direitos autorais e ainda estimulam a criatividade dos fãs; Essa é a proposta. É isso que queremos. E em nome disso que estamos lutando. Queremos ver crianças com livros físicos sobre Pokémon na mão. Queremos vê-las devorando cada parágrafo, queremos ver o conteúdo da franquia Pokémon, no Brasil, com mais conteúdo que agrade as mais diversas idades. É por um bem maior. Nossos advogados com a ajuda da Copag estão negociando com a Pokémon Company a respeito dos direitos autorais. Curta a página oficial do livro, só em fazer isso já estará nos ajudando MUITO. Sem falar que lá está cheio de ilustrações e informações sobre a trama. Para curtir, CLIQUE AQUI.
Classificação Indicada do Livro:
O livro será lançado duas versões. Uma +16 anos (sem censura, com as cenas que levantam o livro e o deixa na medida certa de terror, adrenalina, suspense e ação), onde o público alvo será exatamente aqueles leitores mais velhos e que conseguem digerir uma morte, pelo menos. E uma versão +10, onde o conteúdo será moderado, censurado e sutil. O que vai atingir aquela parcela de leitores crianças que é o alvo principal.
Confira agora o prólogo do livro:
Era quase meia-noite e Ash estava sentado sozinho em seu escritório, se preparando psicologicamente para escrever seu discurso que resvalava pelo seu cérebro, sem deixar o menor registro — nos últimos dias, costumava distrair-se à toa, com um simples gesto de uma mariposa ou com os murmúrios de Ravenna e Ryan, seus filhos; na maior parte do tempo, ficavam quietos, sem falar coisa alguma, entretidos com seus brinquedos e almanaques que costumavam circular em décadas antigas, mas, naqueles poucos dias de Inverno, se resguardavam na maior parte do tempo dentro dos seus quartos, observando o lado de fora. Por mais que já estivessem acostumados a ver apenas barro e argila das paredes resistentes do subsolo, ainda provavam do pavor de se verem como prisioneiros. Não tinham amigos, não conversavam com muitas pessoas, a não ser quando visitavam Cerulean ou Pewter — principalmente Pewter, onde podiam brincar e se divertir com os irmãos mais novos de Brock.
Como passavam a maior parte do tempo em casa, só tinham um ao outro para conversarem ou, por vezes, Serena, que lia algum livro para distraí-los ou contava história do tempo em que participava de concursos e fazia belíssimas apresentações com seus Pokémon.
As crianças, maravilhadas, enchiam-na de perguntas, pulavam e saltitavam quando ouviam a mãe comentar sobre alguns dos seus momentos preferidos no palco. Por mais que doesse falar a respeito, se lembrar de recordações pesadas e inteligíveis, Serena defendia a premissa de que não deveria esconder dos filhos aquilo que lhe proporcionou alegria, entusiasmo e satisfação há tantos anos. Portanto, sempre que sobrava tempo dos afazeres domésticos ou dos diversos discursos que organizava para Ash, ela sentava com os filhos próximos à lareira e os fazia gargalhar com um passado que agora não existia mais.
Naquele dia em questão, as pálpebras de Ash ameaçavam se fechar a qualquer momento. Seus olhos chamuscavam como se estivessem expostos a fogo em brasa, enquanto sua boca salivava mais do que o normal. Suas mãos suavam, trêmulas, a caneta mal se sustentava entre os dedos — já devia ter se acostumado a escrever discursos, já fizera tantas vezes; por que aquele, em especial, sairia diferente dos demais? Compreendia que eram causas completamente diferentes, mas o incentivo continuava o mesmo: o bem comum dos habitantes. “Argumente! Convença-os!” – murmurava para si mesmo, solitário, em busca de convicção, mas perdera o fio da meada. Enquanto travava uma batalha incessante contra o seu eu, Ash aguardava um telefonema de Cynthia com ansiedade; entre a preocupação se ela iria ligar, se diria o que pretendia dizer, e a tentativa de reprimir as lembranças dolorosas do que fora uma semana complicada, longa e cansativa, não sobrava muito espaço em sua mente.
E se não bastasse a responsabilidade de liderar pessoas até aquele momento abaladas com o que acontecera à superfície, ainda precisava encontrar meios de amenizar a pequena parcela de rebeldes sem causa – eles costumam bombardear os portões em horários específicos, quando suas defesas ficam escassas, procurando se libertar do subsolo. São detidos todas as vezes que tentam, pelos protetores, mas isso não impede que as pessoas se sintam desprotegidas, à mercê. Elas não precisam de mais motivos para sentir medo.
Para Ash, pensar em um mundo sem leis seria como voltar à pré-história, onde os mais fortes conseguiam sobreviver e os mais fracos morriam de fome ou eram mortos pelos seus rivais. Na medida em que os homens começaram a dominar as técnicas da agricultura, passaram a se agrupar para trabalhar a terra e domesticar os animais. Foram também as necessidades do trabalho que fizeram com que eles buscassem um meio de comunicação, e assim nasceu a linguagem. Enquanto alguns cuidavam da lavoura, outros iam atrás da caça, da pesca ou dos frutos. Tinham também a força do grupo para lutar contra os animais selvagens e construir casas mais seguras, que lhe davam abrigo e proteção. Mas, ao mesmo tempo em que o grupo tornava a sobrevivência mais fácil e a vida mais agradável, era preciso estabelecer regras que permitissem a convivência comunitária, pois, junto com o conforto das casas e a fatura das colheitas, surgiam também as noções de propriedade privada e a guerra pela posse do que antes era considerado um bem comum.
Era exatamente o retrocesso que experimentavam.
O resto dos habitantes que sobreviveram e se adaptaram ao subsolo, precisavam se virar, plantar e colher sua própria comida, cuidar do sustento da sua família. Eram como se, de fato, tivessem regredido à idade media. Mas não era porque viviam como na pré-história que precisavam agir como seres irracionais. Regras sempre foram necessárias para manter o convívio pacífico entre os habitantes. E Ash, visando a ordem, expôs as novas regras de acordo com a realidade que viviam. E por mais que alguns dos habitantes — geralmente os rebeldes — argumentassem, de boca cheia, que viviam como escravos por não terem interação com os seus Pokémon, por mais que estivesses sãos, não justificava o fato de se rebelarem contra as leis. Era como entregar armas à pessoas que não estavam preparadas, psicologicamente, para portarem uma. Os protetores eram os únicos que podiam usar Pokémon — faziam isso não por desigualdade, mas para defender os habitantes deles mesmo ou do que quer que vivesse na superfície, já que não sabiam mais de coisa alguma. Os rebeldes, de algum modo ainda desconhecido aos protetores e a Ash, conseguiram alguns Pokémon para ajudá-los nos atentados. Usavam poder de fogo e, ocasionalmente, machucavam civis desprotegidos, reles inocentes que caminhavam próximo demais dos portões quando os bombardeios aconteciam. Ash procurava uma maneira de detê-los, de impor ordens.
O que fazia era para o bem de todos. Por mais que não percebessem isso.
E as acusações continuavam: “Covarde”, “O que esconde, Ash?”, “Por que não nos comunicamos com as outras regiões?”, “Por que não transitamos pela superfície para descobrir o que houve, de fato, o que teme?”, “Nos revele o que você esconde nas mangas”.
O pulso de Ash acelerou só de pensar nessas acusações, porque não eram juntas nem verdadeiras. Como é que os seus protetores poderiam invadir uma superfície às cegas, sem proteção ao ar tóxico, sem lanternas potentes para iluminar a escuridão? O sol desapareceu, o ar diminuiu de forma drástica, não há mais o verde das plantações, das árvores, só destruição. E como conseguiriam se comunicar com as outras regiões se eles nem ao menos sabiam se haviam sobrevivido ou não? Era um absurdo insinuarem que estava escondendo algo quando, ele próprio, se afundava em dúvidas e desespero. E como ousavam sugerir que aqueles bombardeios bárbaros divulgados com estardalhaço eram consequências de falta de protetores?
* * *
Ash virou a segunda página do discurso, verificou o quanto ainda faltava e achou que seria inútil se esforçar mais naquela ocasião, se o sono o esbofeteava com tanta violência. Estavam no inverno, mas só se lembravam do clima por verificarem no calendário; se esqueciam não por displicência, mas por não sentirem frio, só calor. Contudo, naquele dia especificamente, o ar gélido decidira visitá-los de uma forma sutil, se espalhando pela casa através das janelas abertas e pelos poucos buracos das telhas. Ash se aconchegou outra vez na poltrona e, inevitavelmente, entrou em um profundo estado de inconsciência.
Em uma hora, observava seu discurso inacabado, no outro, se encontrava sentado em uma cadeira que, ao contrário da sua, era anormalmente desconfortável. Não levou muito tempo até ele perceber que estava amordaçado. Não via nada. Só escuridão. O oxigênio fugia, o breu sufocava-o, por vezes seus olhos corriam de um lado para o outro, procurando alguma sombra, qualquer gesto desavisado daqueles que o aprisionavam, mas o negrume não cedia. Ele ouvia passos, vozes, sussurros; reconhecia algumas delas — principalmente a voz da mulher; rouca, o modo rude como se referia a ele. Era quem ele pensava que fosse? Sentia que não demoraria muito para descobrir. Alguém, com violência, o forçou a se levantar, depois o empurrou para frente apressado. Ash obedeceu, sem realmente pensar.
Após caminharem alguns segundos, sentiu o barulho de celas rangerem no piso metálico, a caatinga de ferrugem vagando pela atmosfera, o suor das pessoas que o carregavam dissipando o cheiro de lavanda da mulher que outrora sussurrava próximo aos seus ouvidos. E nada, absolutamente nada poderia descrever o pânico que o invadiu goela abaixo. Os olhos arregalados, com sede, os dedos imóveis, as pernas hesitantes...
Ash via, à sua frente, Serena, Ravenna e Ryan. Os braços erguidos ao alto e agrilhoados à grossas algemas; o pulso de Ryan ensanguentado, Serena descabelada, com o rosto virado, de cabeça baixa, inconsciente... Ravenna com as órbitas dos olhos vazias, inexpressivas. Uma raiva coberta de furor, frenesi e desespero invadiu Ash. E nada mais parecia importar. Faria qualquer coisa, seria qualquer coisa, se tornaria qualquer coisa, somente para salvá-los. Com a mão erguida e os olhos ensopados, Ash ergueu a mão em direção à família... pareciam se distanciar, ficarem fora do seu alcance. O desespero forçou-o a gritar.
— Ash, por favor, acorde...
Retornou a si. Estava com a cabeça em cima dos vários papéis espalhados pela sua bancada, respirando com esforço como se tivesse corrido. Acordara de um sonho vívido, apertando o rosto com as mãos. Sentia não raciocinar direito, mas via Serena bem à sua frente, um olhar preocupado, as sobrancelhas levemente erguidas — o alivio que sentia crescer dentre si por vê-la ilesa não tinha precedentes. Era como receber o perdão dos pecados. Era como ter a chance de viver uma segunda vida. Não conseguia esboçar um sorriso sem tremer os lábios e bater os dentes. Ash passou as mãos pelos cabelos, aliviado... quando voltou a olhar diretamente nos olhos de Serena, parecia querer interpretar algo ali dentro.
— Não me diga que está com insônia — disse Ash, tentando fazer parecer que a falta de sono de Serena era muito comum. Os olhos da mulher faiscaram.
— Outro pesadelo em menos de três dias. Sinceramente, isso está começando a me preocupar. Quantas vezes mais você vai ter que adormecer em cima de papéis e não no aconchego da sua cama, Ash? As coisas não funcionam dessa maneira — sussurrou Serena com calma, a voz doce, as mãos delicadas afagando os cabelos do marido.
— Como ainda sou ingênuo de me desesperar sempre com o mesmo sonho? Parecem seguir um padrão que eu não consigo compreender, não encaixa — disse Ash entre dentes — E ainda nem terminei o discurso. Não me sobrou tempo agora, não é?
Serena, então, maternalmente, deu umas tapinhas no ombro de Ash.
— Não se preocupe — disse —, provavelmente você não vai conseguir concluir o discurso nesse estado de sonolência, deixe que eu mesma faça isso. E sobre sua ingenuidade de se preocupar com as mesmas cenas nos sonhos, bem, talvez seja pelo simples fato de você se preocupar comigo, com Ravenna e Ryan. Não há nada de errado nisso, meu amor.
— Fico pensando se isso não remete ao fato de que, em algum momento, não conseguirei proteger vocês. Não conseguirei... — um suspiro — Não está sob meu controle.
— Na realidade, Ash, não está sob controle de ninguém — disse Serena em tom casual — Agora, você precisa ir dormir. Deixe que finalizo o discurso. Já tenho o que colocar.
— Mas nem pensar. Ainda estou consciente.
— Não por muito tempo, pelo que vejo — Serena sorriu, olhando diretamente para as pálpebras de Ash, que mal se aguentavam abertas. E se lembrou do porquê estava ali — Ah, chegou uma encomenda endereçada a você mais cedo. Pelo que vi na embalagem, parece ser importante, veja — ela tirou do bolso um pacote feito de uma fibra resistente e amarronzada. Balançou-a no ar antes de entregar nas mãos seguras de Ash.
— Não tem remetente — observou Ash, também balançando-a. Rasgou cuidadosamente a embalagem, olhando atento aos detalhes que apareciam na medida em que o conteúdo do pacote se revelava. Era um holograma. Preocupado, Ash direcionou os olhos à Serena, vacilante. Suas expressões entregavam seu pavor de bandeja.
E antes de pensarem em destruir aquilo, o holograma se ligou automaticamente.
Era o grupo de rebeldes, Ash os reconhecia pelos brasões que usavam nos bíceps. Neles, cuidadosamente bordados, aparecia os dizeres: “Apoio pleno a Red”. Quatro deles estavam ao redor de uma pessoa, ajoelhada, com o rosto coberto por uma sacola. Um deles, aparentemente o líder, sorria maliciosamente como se nada temesse no mundo.
— Eu daria tudo para ver sua reação ao desatar esse holograma, Ash, e até ameaçaria minha segurança para isso — enquanto falava seus lábios mal se moviam — Gostaria de ver o quão furioso você ficará quando nos ver livres, sim, estamos livres. Livres do seu governo, das suas leis. É interessante o quanto um homem consegue se colocar acima dos demais e se intitular “salvador”, “protetor”, “líder”, quando nem ao menos sabe distinguir democracia de escravidão. Veja no que nos tornamos, veja o que você nos faz fazer. Isso nada mais é do que um grito à procura de liberdade, de voz, Ash. E é assim que começa... a dor, o sentimento de impotência, que consegue tornar homens que algum dia tiveram integridade em pessoas sem escrúpulos. Espero que o que faremos aqui consiga escancarar seus olhos.
Por fim, o último som que ouviram foi o baque metalino da vítima caindo no chão.
Morta.
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