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EVOLUÇÃO PARALELA: COMBATENDO O METAGAME #13


Olá novamente, eu sou o Sergio Menna, e essa é a Evolução Paralela, uma coluna em que iremos discutir soluções para o metagame de Battle Scenes que tentam combater as estratégias populares usando cards não tão populares. A principal premissa desta coluna é evitar usar os cards que constituem o atual metagame – isso mesmo, sem Pyro, Vampira, Cassandra ou o simpático Formigão!


Hoje falaremos dos cenários com o pré-requisito do tipo incapacitar um personagem de determinado poder e ter um efeito.


1.Iniciando a discussão:

“Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa.”

Lima Barreto.

O ciclo de cenários dos quais falaremos hoje foram lançados em Evolução Tática e Poderes Ocultos. Exceto por Magia e Poder Cósmico, foi lançado um cenário para cada poder do jogo. Eventualmente, outros cenários com esse tipo de característica – ou muito próxima – foram lançados, mas iremos discutir esses 11 cenários originais para tentarmos achar alguma aplicação para os mesmos.


Hoje em dia no jogo, é comum vermos apenas alguns desses cenários em decks competitivos – para ser mais específico, Garras Imoladoras e eventualmente Estratagema Infalível ou Desmaterialização Impossível. Seria compreensível analisarmos estes cenários junto com seus respectivos poderes, mas devido às características do atual metagame tal análise não se faz necessária: mesmo que algumas as listas se foquem em dois ou três poderes, é bastante comum ver uma miríade de personagens com várias habilidades em comum. Assim sendo, os personagens do metagame – e não os poderes do metagame – vão dizer qual ou quais cenários podem ver mais jogo.


Hoje vamos discutir: Movimento Imprevisível, Projétil Inesperado, Rajada Implacável, Expandir Infinito, Estratagema Infalível, Garras Imoladoras, Imortalidade Insólita, Potência Incomparável, Revigoramento Incrível, Desmaterialização Impossível e Planar Invisível.


2.Trocando capacitações por efeitos:

"Cada louco traz em si o seu mundo e para ele não há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser após"

Lima Barreto.


A pergunta que se faz para saber se é útil um cenário desse tipo ou não é: o efeito é bom o bastante? Se pensarmos friamente, o efeito é mais ou menos como uma ação que custa uma incapacitação, só pode ser usada na sua preparação (exceto em caso de Sugestão Coletiva), e o personagem pode agir normalmente naquele turno (ou seja, é como se fosse uma ação única que depois permite você usar outra ação). Para melhor julgar, podemos comparar com habilidades do poder em questão e ver se o efeito é bom em comparação aos efeitos comuns dessas habilidades.

Para começar então, peguemos Movimento Imprevisível. Ele permite incapacitar o alvo em um ou dois estágios de capacitação. Existe algo parecido em habilidades de Agilidade? A resposta é não. O efeito é bom? Bem, talvez em uma estratégia apropriada – algo que envolva controle com Máquina de Bloqueio Mental, por exemplo, ou como proteção para algum combo de Agilidade. No primeiro caso, jogaria bem em um deck com Elasticidade, enquanto que no segundo serviria para incapacitar um personagem do oponente para evitar que ele antecipasse uma ação (ou sequência de ações) no seu turno. Um exemplo de deck que poderia usá-lo desta segunda forma é o deck de Ultrons com Speedball. Como o deck não o usa (pelo menos, nenhuma versão que vi até hoje), conclui-se que não se faz necessário usar Movimento Imprevisível.

Seguindo a ordem, é a vez de Projétil Inesperado. Este cenário permite causar um ponto de dano penetrante em “outro personagem”, o que significa que ele pode visar personagens que não podem ser alvo. Desse ponto de vista, ele fica bem interessante. Agora as más notícias: é só isso. Ataque à Distância possui habilidades que permitem causar dano penetrante, então em termos de alternativas o cenário não apresenta nada. Além disso, as ações mais usadas de Ataque à Distância (como vimos em Estratégia em Estudo) causam dano normal e em grande quantidade, normalmente com Portal para o Microverso. Se algum cenário pode ser usado em conjunção com esse tipo de estratégia normalmente é Fogo Cruzado – que adiciona algo que nenhuma habilidade de Ataque à Distância adiciona: defesa. Resumindo: para esse cenário ver jogo, deverá haver um bom motivo para causar um ponto de dano penetrante ao invés de, digamos, proteger seus personagens.

Agora é a vez de um novo favorito para mim: Rajada Implacável. Ele causa três pontos de dano em “um suporte”. Novamente, não se observa a palavra alvo, o que é muito bom. E agora alguns motivos para este cenário ser meu novo favorito: Câmara Neutralizadora, Armadilha Reforçada, Chamariz Holográfico, Campo Magnético e Toupeira Mecânica. Sim, alguns dos suportes que mais vêm jogo no atual metagame são destruídos instantaneamente por um cenário. Outros suportes – como Portal para o Microverso, Torre Stark, Máquina de Bloqueio Mental, Asteroide M – não são destruídos, mas gravemente feridos. Então a pergunta: e por que não?


Expandir Infinito é um cenário incompreendido. Coitado, tem o efeito de um Enclausurar – que é muito bom por sinal – e ajuda a proteger seus personagens, de maneira análoga ao Movimento Imprevisível. E adivinhe só? Ambos poderiam jogar juntos em um deck com Agilidade e Elasticidade, trazendo redundância em termos de proteção. Mas é claro que ele também não vê jogo com muita frequência. E olha que existe Simbionte – Venom... Ainda temos Múltiplas Opções, um cenário muito forte para um deck baseado em Elasticidade, mas que só aparece em 174 decks na Database. Ou Elasticidade ainda precisa de reforços para atuar no metagame, ou nenhum dos dois cenários são necessários para que isso ocorra.

É a vez de Estratagema Infalível. É um bom card, permitindo comprar um card enquanto o oponente descarta um. Com 121 aparições em decks no metagame, no entanto, ele cai numa categoria similar a de Múltiplas Opções: bom, mas não o bastante. Em minha opinião, é um cenário decente para eventualmente ver jogo, só que não agora. Como nota extra, a ilustração do card mostra alguns dos vilões que eu ainda quero ver no jogo, como o Fantasma Vermelho e os super símios (aquele macaco da ilustração de Projétil Inesperado é um deles).


Nosso próximo cenário dispensa apresentação: Garras Imoladoras. Sem dúvida, o mais bem sucedido em ver jogo de todos os cenários de hoje, Garras Imoladoras é o cenário que serve de base para comparação entre cenários que causam dano. Explosão Errática? Bem pior que Garras Imoladoras (a não ser que você use para bater em si mesmo, mas acredite em mim: você está fazendo isso errado). Decisão Extrema? Bom, pode inclusive causar mais dano que Garras! Uma das coisas que mais gosto deste cenário é o fato de que os três pontos de dano podem ser distribuídos de qualquer maneira, embora normalmente ele seja concentrado, tornando o efeito ainda mais versátil. Difícil superar.


Imortalidade Insólita permite “curar” um personagem com Regeneração, carregando-o com o cenário e mais um card de Regeneração dos recursos nele. Este efeito é bem similar com Fator de Cura, uma habilidade que não vê jogo. Além disso, um efeito desses num poder que possui diversas outras formas (Reestruturação Muscular, por exemplo) para curar seus personagens parece um exagero. Não creio que verá jogo devido a este efeito redundante.


Confesso que eu só devo ter lido Potência Incomparável umas duas ou três vezes na vida. Vou ler de novo. É, acho que entendi. Você incapacita um personagem em um estágio de capacitação para que *aquele personagem* use uma ação de Super Força por uma incapacitação a menos (mínimo zero, tá pensando o quê?) até o fim do turno. Acho que o objetivo deste card era proteger os personagens de incapacitações. Duas notícias ruins: a primeira é que hoje existe Fúria Descontrolada – que é bem melhor que este cenário – e a segunda é que incapacitações não são os maiores problemas para serem contornados: temos os suportes que prendem personagens, Cassandra Nova, Vampira V2, Enclausurar, Fazer Esquecer... Enfim, o que não falta é formas de impedir que seu personagem faça qualquer coisa sem incapacita-lo. Um cenário que foi superado conforme o jogo avançou, e hoje é simplesmente inútil. É uma pena.


Revigoramento Incrível é um card muito bom. Por uma incapacitação, você capacita dois outros personagens seus em um estágio. Muito bom. Mas então por que este cenário não vê jogo? A resposta para esta pergunta é simples: porque Telepatia é um poder que não vê jogo. E Adaga Psíquica é a maior prova disso: é um card tão poderoso que é usado em vários decks... E nenhum deles é focado em Telepatia. Olho de Agamotto e um u outro personagem com esse poder basta: não se faz necessário usar habilidades de Telepatia. O esforço para fazer este poder jogar, no entanto, deve ser reconhecido: Desunir, Fazer Esquecer, Sugestão Coletiva, Inspirar, Reanimar... São muitas as habilidades lançadas com efeitos bons para tentar colocar o poder no metagame. O que falta para este cenário ver jogo é o mesmo que o poder como um todo precisa para ver jogo: habilidades e personagens que superem (ou pelo menos igualem) os demais.


Desmaterialização Impossível é um card que eu considero bastante. Ele permite devolver um card de habilidade carregado por um personagem para a mão de seu dono. Dois motivos para ser considerado bom: não dá alvo e não causa dano, como é comum às habilidades de Telecinésia. Desta forma, ele é – em minha opinião – superior ao Projétil Inesperado, pois ele contorna uma série de defesas, como Sina ou Aleksander Lukin, e permite que você remova um obstáculo – Joia do Infinito – Tempo, por exemplo – temporariamente e tendo a certeza que ele não atrapalhará neste turno. Eu não uso no meu deck porque ainda estou testando algumas possibilidades para a Joia, mas com certeza vou ter que adaptar a lista para incluir este cenário.


E por último, temos Planar Invisível. Ele tem aquela característica irritante da Potencia Incomparável: ele concede um benefício para *aquele personagem*, o personagem que foi incapacitado para o efeito do cenário. No entanto, seu efeito é superior, pois protege o personagem de qualquer antecipação. De qualquer maneira, não é um cenário que vê muito jogo. Acredito que, em termos de defesa, seja um empenho muito grande e poucas ações parecem valer a pena serem defendidas de tal forma – eu só penso em duas: Grito Hipersônico do Raio Negro e Carregar para Longe. Para o primeiro, temos o novo par Illuminati Pantera/Estranho; para o segundo caso... Sei lá, quem joga com Carregar para Longe?

E terminado os cenários para discussão, vamos recapitular brevemente o que vimos em forma de notas:

  • Movimento Imprevisível: bom efeito, mas aparentemente não existe demanda para a proteção que proporciona. “OK”;

  • Projétil Inesperado: não acrescenta nada de novo, e das possibilidades de dano com cenários é uma das piores. RUIM;

  • Rajada Implacável: um cenário que desarma uma quantidade inacreditável de suportes presentes no metagame. BOM;

  • Expandir Infinito: bom efeito, não inovador para o poder, não vê jogo pelo simples motivo que o poder em si está meio apagado. “OK”;

  • Estratagema Infalível: ainda pode ver jogo, embora hoje seja no máximo um card legal. “OK”;

  • Garras Imoladoras: o sinônimo de eficiência em termos de dano causado por cenário. ÓTIMO;

  • Imortalidade Insólita: em minha opinião, redundante demais para ver jogo. RUIM;

  • Potência Incomparável: proteção contra efeitos específicos, para um personagem específico, faz deste cenário uma inutilidade completa para o jogo hoje em dia; RUIM;

  • Revigoramento Incrível: bom efeito, mas em um poder que como um todo não vê jogo. “OK”;

  • Desmaterialização Impossível: excelente efeito ajuda a contornar um problema do atual metagame. BOM;

  • Planar Invisível: defesa superior àquela proporcionada por Potência Incomparável, por exemplo. Ainda assim, o esforço não compensa – pelo menos ainda. “OK”.


3.Concluindo:

“Havia-me preparado para todas as eventualidades da vida. Imaginei-me amarrado para ser fuzilado, esforçando-me para não tremer nem chorar; imaginei-me assaltado por facínoras e ter coragem par enfrenta-los; supus-me reduzido à maior miséria e a mendigar; mas por aquele transe eu jamais pensei ter de passar. Como é difícil controlar o amor.”

Lima Barreto


Espero que tenham gostado das análises que fiz, bem como das frases de inspiração. Escolhi as frases do Lima Barreto porque reli o Triste Fim de Policarpo Quaresma, e me senti inspirado pela percepção do autor. Policarpo Quaresma é um personagem sonhador, inspirador, tido como um Dom Quixote tupiniquim, que cai nas armadilhas do positivismo. O mais curioso sobre a literatura brasileira em geral, pelo menos pra mim, é que eu não tive interesse nenhum em ler as obras para o vestibular e agora, quinze anos depois, eu descubro que eu perdi uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre nossa cultura.


E vamos concluindo por aqui. Sinta-se livre para sugerir os cenários que você quer ver aqui nos comentários abaixo ou como sempre por e-mail (mennamtcg@gmail.com). Até a próxima semana e desejo que você encontre na literatura brasileira algo para se inspirar!


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